terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Iniciaram dia 10 de abril as atividades do curso

Com o propósito de oferecer uma visão diferenciada no ato de ler, o curso toma como ponto de partida o estudo do artigo de Paulo Freire intitulado A importância do ato de ler.        
Para o complemento dos estudos a ministrante do curso Isaura Maria Longo compartilhou um texto de sua autoria com as alunas. 
   
E nós desejamos agora compartilhá-lo com vocês.
DELEITE-SE:

Leitura: quando o mundo significa.
Por Profª Isaura Maria Longo
Não raro, as pessoas me dizem “Tenho dificuldade em interpretar um texto.” De certa forma, há sentido nessa afirmação. A leitura hoje acontece de forma horizontal, ou seja, pouco se extrai da essência do texto, uma vez que desconhecemos os mecanismos de chegar até ele. Somos bombardeados por milhares de informações diárias que nos chegam de diferentes formas e, para manter a saúde mental selecionamos aquelas que vamos usar, talvez. Não há como assimilar tudo. Acontece que não entendemos muito bem o que significa o ato de ler. Ler é dar sentido às coisas que nos cercam. Ao sentir o aroma delicioso de um perfume, ele pode nos transportar para fatos que marcaram nossas vidas. Quem já não escutou uma música e “viajou” no tempo? E nostalgicamente se lembrou de um passado que não volta mais? Quem já não experimentou uma comida que lembrava a mesa farta dos domingos quando a família se reunia para contar coisas que a conteceram durante a semana?
       
Ler não se prende apenas ao ato de correr com olhos sobre algumas letras que juntas formam um “texto”. Antes disse, você lê com os sentidos, com a emoção, com o cheiro, o paladar, o olfato, a audição, a visão. Você lê o mundo a partir do momento em nasce, pois é entre você e sua mãe que o mundo passa a fazer sentido. Seu choro de fome, seu choro de sono. Tudo significa. Ler, portanto, passa, sobretudo, pelos sentidos.
     
Numa segunda etapa, você se apega a alguns detalhes e lança mão de algumas hipóteses, sugestões, relações e sai do mundo sensorial e analisa as coisas numa perspectiva mais profunda, mas ainda centrada numa leitura emocional.
Já num terceiro estágio, quando não satisfeitos apenas em externar comentários como “gostei” “não gostei”, passamos a refletir sobre o que foi dito, aquilo que vimos, aquilo que sentimos e aquilo que lemos.
      
E o que representa tudo isso quando nos referimos especificamente ao mundo da escrita? O que a leitura faz com você?
     
Ora, meu caro, ela solta a sua imaginação, aumenta seu vocabulário, simplifica a compreensão das coisas, amplia seu conhecimento geral, revela novas afinidades, desenvolve seu repertório, liga seu senso crítico na tomada, melhora seu rendimento acadêmico (é claro!). Não há como ascender em conhecimento sem tomar para si as palavras, ou seja, para dizer que conhece a tese de alguma autora, você deve conhecer os conceitos defendidos por ela. E conhecer significa dizer em palavras e claramente o pensamento do outro e, obviamente, o seu. Aquela história de dizer “Eu sei, mas não sei dizer.” Quer dizer que você não sabe. Entende o que eu digo? Linguagem e conhecimento caminham juntos.
        
Vejamos: você está agora no ano 2012. Pretende se formar daqui a 3 anos, talvez. Então pergunto: Com quantas palavras você fala o Português hoje? Daquelas 350 mil que têm no dicionário, você fala quantas? Conhece quantas? Imaginemos que você responda 15 mil. Ora, daqui a 3 anos, com quantas você quer estar falando? Quantas mais você terá em seu repertório? E como aumentar esse número? Conversando, assistindo a filmes, indo ao teatro, lendo, escutando música....VIVENDO......LENDO.....O.....MUNDO. Para dizer que sabe é preciso aumentar o seu vocabulário. É preciso experimentar. Viver.
     
É o que você está fazendo, quando se propõe a estudar numa universidade. Sua inquietação faz com que você procure ampliar a lente com a qual vê o que está ao seu redor. Você trocará de lentes muitas vezes, pois sua curiosidade o fará ver que tudo no mundo se transforma, tudo é instável. Está é a única certeza.
      
Fico feliz em perceber sua inquietação e sua vontade de mudar. Certamente sua busca de compreensão vai torná-lo muito melhor como homem, como cidadão, como ser humano.
    
E, se assim percebemos o ato de ler, entenderemos, então, o significado da expressão PALAVRAMUNDO, utilizada por Freire em seu texto.
    
Incontestavelmente Paulo Freire, grande sociólogo, educador, visionário tem muitas coisas boas a nos dizer sobre o ato deler. Por isso, anexei um artigo que exprime a visão desse grande homem sobre este assunto. Espero que você goste, pois coisas boas devem ser sempre compartilhadas.
Saudações.

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